Esta é a Revolução, a ideia impossível de derrotar de que todos os sonhos são realizáveis!

Esta é a Revolução, a ideia impossível de derrotar de que todos os sonhos são realizáveis!

(Versões estenográficas – Presidência da República)

Estimado general-de-exército Raúl Castro Ruz, líder da Revolução Cubana;

Estimado camarada Esteban Lazo, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular;

Deputadas e deputados:

 

Esta última sessão da Assembleia de 2023 pode marcar o início de uma nova tendência no comportamento da economia cubana. Corrigir profundas distorções e desvios estruturais que impedem o desempenho econômico é palavra de ordem para remontar a situação muito complexa que enfrentamos hoje, por causa dos impactos combinados do cerco norte-americano, as crises nas relações econômicas internacionais e nossos próprios erros. Mais uma vez, tudo dependerá da capacidade que tenhamos de executar e implementar adequadamente as medidas aqui enunciadas.

Temo-la chamado de economia de guerra, porque deve operar em um cenário de política de máxima asfixia, desenhada e aplicada contra um pequeno país, por parte do mais poderoso império da história.

Além do mais, somos uma nação do sofrido Terceiro Mundo, território em desvantagem histórica como herança do colonialismo, onde mais impacta uma crise mundial longa e multifacetada, que se agrava devido a conflitos, guerras e desajustes consubstanciais à desigualdade que gera o capitalismo neoliberal e que veio a aprofundar a recente pandemia.

Chamo a atenção daqueles que preferem que deixemos de nos referir ao termo bloqueio. Tomara que fosse igual de fácil tirá-lo de nossa cotidianidade e apagar suas ameaças e seus efeitos sobre a sociedade cubana.

Fazê-lo seria equivalente a agir como aqueles que hoje pretendem negar o genocídio israelense em Gaza, enquanto as bombas sionistas caem sobre bairros, escolas e hospitais, com o criminal propósito de exterminar seu povo.

Tal como eu disse na 7ª reunião plenária do Comitê Central do Partido, as medidas de asfixia econômica dos últimos anos são bombas encaminhadas a derribar as colunas que sustentam a resistência cubana.

Importa, então, que encontremos os caminhos e os modos de impedir que explodam. Não parece que em 2024 vai mudar a hostilidade do império vizinho. Em seu empenho, jamais abandonado, de destruir a Revolução e conseguir a «mudança de regime», os Estados Unidos permitem e favorecem ações de desestabilização, descrédito e guerra midiática, que buscam alentar o levante social.

São reativadas, inclusive, as ameaças de atos terroristas que as autoridades fazem como que não veem ou não reconhecem. Como se fosse possível ignorar que a partir do território norte-americano é facilitado e financiado o treinamento, com apoio logístico, a grupos armados que desbordam mensagens de violência por todos os meios ao seu alcance.

Hoje queremos reiterar aqui que a determinação de enfrentar esses grupos é firme e que a informação que temos divulgado em dias recentes faz parte do alerta.

A história recolhe inúmeros atos e crimes perpetrados pelos elementos ligados à extrema direita de Miami, nos quais não se descarta a participação de agências norte-americanas.

O alento e materialização de planos terroristas contra Cuba têm sua base no sentimento de impunidade que prevalece nestes setores.

Eis os casos de Luis Posada Carriles e de Orlando Bosch, os quais, apesar do reconhecimento público de seus crimes, o que está registrado, inclusive, em documentos desclassificados e em entrevistas concedidas a importantes meios da imprensa norte-americanos, terminaram tranquilamente suas vidas em Miami, sob a proteção das autoridades desse país.

Não há correspondência, mas sim incoerência no discurso e o compromisso que propugnam os Estados Unidos em sua luta contra o terrorismo, e a atuação permissiva que mantêm perante pessoas de origem cubana que, a partir do território norte-americano alentam, planejam, financiam, organizam e realizam planos violentos contra Cuba e suas dependências diplomáticas, inclusive em nossa embaixada, situada muito perto da Casa Branca.

Exigimos às autoridades norte-americanas para investigarem e adotarem medidas, que façam justiça contra elementos que professam o terrorismo e ações violentas, que não pararam de aplicar estes métodos em meio do reforço do bloqueio.

O estímulo que representa a política dos Estados Unidos para a comissão de ações violentas contra Cuba não é nenhum absurdo, pelo contrário, tem sido recorrente no contexto bilateral e é um padrão de conduta provado pela história.

Tal como expressou Fidel em 1998, no comovente e inesquecível ato de homenagem às vítimas do atentado a um avião da Cubana, em frente das costas de Barbados: «O que nunca poderão imaginar aqueles que cometem grandes crimes contra os povos na embriaguez de sua impunidade e no caráter efêmero de seu poder, é que a verdade sempre se abre passo, mais cedo ou mais tarde».

Três anos de uma administração democrata que age com total semelhança do seu antecessor republicano, confirmam que a hostilidade contra Cuba não responde a um partido, mas sim que é uma política afincada na pretensão hegemônica de um império incapaz de aceitar a soberania de seu pequeno vizinho.

Se alguém tivesse dúvidas, basta ler o disposto no Título II da Lei Helms-Burton que, entre outros aspectos, refere-se à permanência do bloqueio econômico até que seja derrocado o Governo revolucionário, desapareçam o Partido Comunista de Cuba, as organizações políticas e de massas e sejam devolvidas as propriedades ou tenha recebido compensação todo aquele que alguma vez teve uma propriedade em Cuba.

Também estabelece que, durante o período que medeia entre o derrocamento do poder revolucionário e a devolução das propriedades, haverá em Cuba um governo de transição selecionado e imposto pelo Governo dos Estados Unidos que certificará se as disposições dessa perversa lei têm sido cumpridas.

Apesar dessas irrefutáveis evidências de absoluta prepotência imperial, não faltam aqueles que estão dispostos a reclamar ou sugerir que Cuba ofereça gestos ou concessões para «ajudar» o Governo estadunidense a assumir uma conduta mais benévola e construtiva.

Com frequência desconhecem ou simplesmente não se quer ouvir falar sobre o impacto do bloqueio.

Alguns nem sequer mencionam o bloqueio como o aspecto central do conflito entre os dois países e os impedimentos que impõe ao nosso desenvolvimento.

Mais de trinta vezes consecutivas, a maioria dos governos do mundo têm respaldado, mediante voto perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, a Resolução cubana contra o bloqueio.

A prepotência imperial despreza este apoio global, vira a cara perante o reclame mundial e mantém sua política criminal, justificando-a a partir de uma construção discursiva de dubla moral, mentirosa e caluniosa que, por trás de uma falsa preocupação e compromisso com os problemas do povo cubano, esconde os seus reais propósitos de destruir a Revolução a qualquer custo.

Com a solidariedade e a compreensão de uma parte significativa da comunidade internacional, Cuba enfrenta os impactos do bloqueio.

Hoje nos cabe enfrentar a concorrência destas problemáticas com as sequelas da pandemia e a crise global. Vamos fazê-lo com decisão e firmeza, com inteligência e integralidade, com otimismo e confiança, compartilhando esforços e contribuições entre todos, em meio de um contexto adverso, mas certos de que vamos superar os desafios com trabalho, com talento e criatividade, isto é, com resistência criativa (Aplausos).

Tal como o conto do dinossauro, de Augusto Monterroso, o bloqueio vai continuar aí, agora mil vezes recrudescido, detendo nossos sonhos, impondo obstáculos, impedindo o desenvolvimento e a prosperidade merecida, devido a que o Governo dos Estados Unidos continua lastrado pela falta de vontade política, no sentido de avançar para uma relação com Cuba que seja respeitosa e apegada à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional. O empenho é cortar o acesso a capital e a financiamentos, asfixiar a economia e mutilar assim a capacidade do Governo para dar resposta às necessidades fundamentais da população.

O efeito dessa política é visível na depressão de vários serviços essenciais, entre eles a eletricidade, a saúde, a educação, o fornecimento de água, os serviços comunais, o transporte público, a produção de alimentos e de medicamentos, todos os quais requerem da importação de equipamentos, peças, partes, combustíveis o matérias-primas, para os que não bastam os escassos recursos financeiros com os que podemos contar.

Inclusive, se a gestão econômica do Estado fosse a mais eficiente e efetiva do mundo, questão da qual nenhum governo pode presumir, muitos de nossos problemas ainda persistiriam por causa do bloqueio, como se expressa na contração dos abastecimentos para o consumo da população, o nível de inflação e o insuficiente poder aquisitivo da maioria do povo. Esse é o objetivo da guerra econômica, e os resultados se materializam claramente, embora não consigam atingir e cumprir a meta que traçada pelo imperialismo desde o triunfo da Revolução.

Junto às ações constantes de subversão e desinformação contra Cuba, a meta é quebrar o país, provocar a decomposição social e gerar a ingovernabilidade, um propósito no qual têm fracassado rotundamente.

Compatriotas:

Durante os debates destes dias têm se falado de forma crítica e autocrítica dos erros cometidos.

Esses erros fazem parte, também, da complexidade na tomada de decisões em meio a um contexto de tensões extremas.

Em uma sorte de tempestade perfeita, confluem com muita frequência, o desejo de superar a situação adversa, a correlação entre as variáveis econômicas, o compromisso de preservar as conquistas sociais e a muito pouca e, a vezes nula, disponibilidade de divisas. Tudo isso se tornou caldo de cultura para a tomada de decisões não integrais, que provocam lógicas incompreensões e impactos negativos, por causa de sua aplicação em condições desfavoráveis, o que muitos consideram a causa de todos os problemas, siem serem realmente as únicas e nem sequer as mais determinantes.

Durante estes dias temos falado de esforços que ainda não se traduzem em soluções, de medidas que não frutificaram, de previsões que foram descumpridas.

Tal como reconhecemos erros no design da Tarefa Ordenação e sua inadequada implementação, temos questionado a aprovação de novos atores econômicos sem a precisão das regras de atuação, que podiam ter evitado inúmeros desvios.

É importante assinalar, também, que a falta de controle e de defesa das normas que são aprovadas e o inadequado funcionamento de entidades estatais responsáveis por executá-las têm afiançado os erros. Corresponde agora avançar na retificação paulatina.

A coincidência destas problemáticas e sua acumulação no tempo facilitaram a presença de fenômenos e manifestações negativas na sociedade cubana que não desejamos.

Outra vez está na hora de retificar. A retificação é um processo inerente à Revolução.

Do ideário e das ações do Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz e do general-de-exército Raúl Castro Ruz aprendemos a importância da correção oportuna perante qualquer situação que pudesse comprometer o futuro da construção socialista.

Trata-se de um pensamento consolidado desde vários anos atrás. Em 1986, o Comandante-em-chefe tinha dado impulso a um profundo processo de retificação de erros e tendências negativas, que não pôde concluir pelo início do «período especial», quando o país teve que se focalizar e encarar essa difícil etapa, com o objetivo de salvar as conquistas da Revolução e o socialismo.

No ano de 2000, o próprio Fidel nos exortou a mudar tudo aquilo que devia ser mudado, com senso do momento histórico, e cinco anos depois, em 2005, na Universidade de Havana, advertia que nós mesmos poderíamos destruir a Revolução, caso não corrigirmos os erros e os desvios.

Por se lado, o general-de-exército Raúl Castro Ruz também tem feito importantes chamadas de atenção acerca de distorções que vieram à tona em nosso processo. As suas referências ao combate à corrupção, a chavasquice e as indisciplinas sociais adquirem absoluta vigência nas circunstâncias atuais.

Compatriotas:

Estamos sendo protagonistas e testemunhas de decisões cruciais. Aqui foram abordados os temas de maior relevância para o presente e o futuro da nação.

Os debates desta sessão da Assembleia Nacional mergulharam no mais profundo dos problemas do país, considerando as possíveis saídas e soluções à situação atual.

A efetividade das medidas que devemos implementar no ano de 2024, com o fim de avançar com maior celeridade na recuperação econômica, depende de o quanto fa­çamos para gerar mais riquezas, com incentivos ao trabalho e uma distribuição mais adequada dos recursos. Do sucesso da sua implementação dependerá, também o avanço na eliminação das principais distorções que hoje comprometem as possibilidades de crescimento econômico e desenvolvimento do país em curto, médio e longo prazo.

Nenhuma medida resolve por si só todos os desafios, inclusive todas em seu conjunto podem, em um primeiro momento, acrescentar determinadas problemáticas.

O desafio é aplicá-las organizadamente, avaliando seus impactos, ajustando o processo sistematicamente e tomando conta do tratamento diferenciado para aqueles que possam resultar mais afetados, isto é, as pessoas e as famílias em situação de vulnerabilidade, as crianças, os adolescentes e os jovens, as mulheres e as pessoas idosas, junto aos pensionados e aposentados.

Essas e outras decisões que com certeza derivarão das atuais, devem ir ordenando, no médio prazo, os indicadores macroeconômicos e colocar o país em uma situação mais favorável para que avancemos no ano 2024 abrindo portas à esperança e à prosperidade que devemos atingir.

Tenho escutado e lido nas redes sociais opiniões de todo o tipo acerca das medidas que apenas foram esboçadas. É compreensível. Trata-se de decisões complexas, como tão complexo é este momento. Nos próximos dias serão dadas explicações mais amplias e detalhadas a esse respeito em nossos meios e plataformas. Porém, afirmo enfaticamente que para nada existe um pacote neoliberal contra o povo nem uma cruzada contra as PMEs, nem a eliminação da cesta básica, como já a contrarrevolução está espalhando as matrizes nas redes sociais (Aplausos).

Não faltam aqueles que pensam que o fim do ano é apenas para boas notícias. Nada nos tornaria mais felizes do que lhes anunciar que sobem os salários e que teremos divisas e combustível suficientes para terminar com o desespero que provocam as carências. Lamentavelmente, todos sabemos que não é possível.

Esta Revolução começou por dizer ao povo, na hora da maior celebração e alegria, o seguinte: «A alegria é imensa. E, contudo, ainda resta muito por fazer. Não nos enganamos acreditando que doravante, tudo será fácil; talvez daqui em diante tudo seja mais difícil».

Essas são palavras de Fidel Castro nas primeiras horas do triunfo revolucionário, em janeiro de 1959. Assim se agiu nos 65 anos transcorridos. E assim vamos continuar agindo os continuadores da Revolução! (Aplausos).

Impõe-se a vontade de trabalhar, o afã de avançar, a disposição de aperfeiçoar e a convicção profunda de que vamos vencer. Photo: José Manuel Correa

Estamos cientes da gravidade da situação econômica e de que para resolvê-la é preciso agir. Uma péssima, uma péssima notícia seria ficar paralisados ou insistir em avançar por um roteiro que tem demostrado ser impraticável, porque é insustentável.

Fez bem o camarada Félix Martínez ao lembrar aqui uma advertência do general-de-exército em uma sessão da Assembleia Nacional do Poder Popular, em dezembro de 2010, quando expressou: «Se bem temos contado com o legado teórico marxista-leninista, onde cientificamente está demonstrada a factibilidade do socialismo e a experiência prática das tentativas de sua construção em outros países, a edificação da nova sociedade na ordem econômica é, na minha modesta opinião, também um trajeto rumo ao ignoto – rumo ao desconhecido – pelo qual cada passo deve ser meditado profundamente e ser planejado antes do próximo, onde os erros sejam corrigidos oportuna e rapidamente, para não deixar a solução ao tempo, que os acrescentará e, no fim, nos vai custar uma fatura ainda mais onerosa».

A liderança do Partido e o Governo, a partir dos municípios até a nação, abordaram o tema com sinceridade, transparência e um claro senso de responsabilidade que a cada um cabe. Aqui escutamos o primeiro-ministro expressando insatisfação porque não se conseguiu o planejado e não deram resultados positivos medidas e decisões que foram tomadas antes.

Podemos dar fé da vontade expressa do Governo de preservar o maior grau de justiça social possível e nosso compromisso desde sempre e para sempre com o povo cubano (Aplausos).

Sem dúvida, algumas coisas puderam ser feitas antes. Porém, em um sistema socialista, em um país como o nosso com bloqueio recrudescido, em uma economia planificada e em uma democracia com participação do povo, as decisões exigem um nível de consenso e maturidade para serem implementadas.

O país tem um Estado com uma alta responsabilidade da qual não abre mão. Este Governo propõe, informa, consulta e espera de sus deputados e de todo o povo que o apoie na implementação das decisões que possam levar-nos às mais rápidas saídas da complexa situação atual.

Na concepção e design dessas decisões participaram diretivos e funcionários do Partido e do Governo, apoiados por estudiosos, acadêmicos, peritos, professores universitários e também foi levada em conta a opinião popular respeito a tudo o que deve ser mudado.

A eliminação paulatina de alguns subsídios e as mudanças na política fiscal, entre outras, vão encaminhadas a corrigir desvios e distorções insustentáveis nas condições atuais da economia. São ajustes que permitirão um aproveitamento necessário e melhor dos magros recursos financeiros disponíveis.

Deputadas e deputados:

 

A partir do esforço pessoal e coletivo, olhando para dentro e desenvolvendo-nos como resultado do trabalho, para o ano de 2024 se preveem crescimentos no volume de algumas atividades que são decisivas para o país, ainda que não sejam suficientes para cobrir a demanda.

Será imprescindível a exigência para cumprir as funções das instituições estatais em todos os âmbitos e o trabalho organizado a partir das comunidades e dos municípios.

Especial atenção requer a produção de alimentos, para resolver territorialmente as necessidades de cada localidade, recuperar o turismo, parar a queda da indústria açucareira, tomar o controle das divisas e do mercado cambiário por parte do Estado e reordenar o sistema financeiro, garantindo níveis de autofinanciamento e gestão das divisas para aqueles que as geram.

Quanto à empresa estatal socialista, deverá se avançar com maior celeridade em transformações essenciais encaminhadas a modificar gradualmente os mecanismos de atribuição de recursos e o esquema institucional no qual operam, com o objetivo de avançar em sua autonomia real, recuperar os níveis de eficiência das principais atividades econômicas e conseguir seu desenvolvimento sustentável, bem como sua efetiva interligação com o setor não-estatal.

O sistema empresarial deve estar disposto a fazer tudo o possível para estimular a produção de bens e serviços que permitam ampliar a oferta, aproveitando adequadamente os poderes que lhes foram atribuídos. O povo espera que os empresários cubanos apostem com tudo por seu país.

É importante, também, o desenvolvimento das PMEs estatais, concebidas como estruturas mais flexíveis e dinâmicas, com maior capacidade de adaptação aos desafios atuais.

Relativamente às formas de gestão não estatal, quero lembrar que fazem parte do setor empresarial do modelo econômico e social referendado na Constituição da República. Neste sentido, se deve propiciar que contem com as condições para contribuir, da maneira prevista, para o desenvolvimento econômico e social do país.

Ratificamos, mais uma vez, que as políticas públicas do Estado e do Governo são de obrigatório cumprimento para todos os setores, e que enfrentaremos decididamente a pretensão inimiga de fraturar a unidade e pôr o setor não estatal da economia contra a Revolução.

Para enfrentar com sucesso essas pretensões são precisas regras claras, coerentes e ajustadas aos objetivos de todos os atores econômicos, de forma a evitar deformações e tendências negativas.

Não vou me estender mais nestes temas, porque já foram amplamente desenvolvidos pelo primeiro-ministro e o ministro da Economia. Corresponde-nos, agora, criar as condições para a implementação das decisões, explicando, argumentando e, sobretudo, cuidando que cada uma delas sirva ao propósito superior de vencer as dificuldades econômicas do país.

Companheiras e companheiros:

 

Quero me referir, agora, ao avanço no exercício legislativo. Nesse sentido, a agenda desta sessão da Assembleia tem sido frutífera. Temos aprovado três importantes leis, cumprindo o cronograma e para implementar conteúdos constitucionais.

Destaque, especialmente, para a nova Lei de Saúde Pública, que ratifica o princípio de Uma Saúde, e a responsabilidade do Estado de garantir seu acesso, bem como a gratuidade dos serviços de atenção, proteção e recuperação que são prestados.

Esta disposição normativa atualiza o funcionamento do Sistema de Saúde cubano, sustentado nos avanços da ciência e a inovação nesse estratégico setor social.

A Lei desenvolve de forma ampla os conteúdos dos direitos previstos no texto constitucional, ao reconhecer a dignidade humana como valor supremo, bem como o direito à vida, à integridade física e moral, à liberdade, à justiça, entre outras.

Reconhece, ao mesmo tempo, a responsabilidade da sociedade e as famílias no disfrute desses direitos fundamentais.

Tem sido aprovada, aliás, e pela primeira vez na ordem jurídica cubana, a Lei do Sistema de Atenção às Queixas e Pedidos das Pessoas. Esta normativa também desenvolve postulados constitucionais. E embora por si só não venha resolver os problemas e insatisfações da população, indiscutivelmente torna mais ágil, aperfeiçoa e institucionaliza esta atividade com melhores garantias para os cidadãos.

Quanto à Lei da Promotoria Militar, vem complementar o que já está estatuído na organização da Promotoria Geral da República, atempera a organização, estrutura e funcionamento da Promotoria Militar aos requerimentos constitucionais e fortalece o seu papel nas instituições armadas.

Com essa Lei se completa um ciclo institucional do sistema de justiça dos órgãos do Estado, no particular aqueles que estão ligados à investigação, controle e exercício da ação penal.

Também nesta sessão foi aprovado o reajuste do Cronograma Legislativo para o ano de 2024.

No ano que culmina foram aprovadas leis transcendentais para a nação, o que ratifica a vontade do Estado de continuar desenvolvendo e aprimorando a atividade legislativa, em correspondência com a Constituição e o fortalecimento institucional do país.

É meritório destacar na ordem dos trabalhos desta Assembleia a análise da implementação de duas normas aprovadas por este Parlamento, o Código das Famílias e a Lei do Processo Penal.

Na análise do Código das Famílias foi constatada a obra de justiça social que esta normativa encerra, em uma matéria tão relevante como os direitos de todas as pessoas e para o todo tipo de famílias.

É significativo o trabalho desenvolvido pelas instituições encarregadas de sua aplicação; não obstante, é necessário que estas continuem se preparando em prol de sua maior efetividade e que contribuam para o maior conhecimento e compreensão do mesmo na sociedade.

No caso da Lei do Processo Penal, as valorizações realizadas indicam a necessidade de continuar o seu estudo, com vista o seu futuro aprimoramento, a partir das experiências derivadas na sua aplicação.

Esta norma contribuiu para acrescentar melhores garantias ao processo penal e tem obrigado seus operadores a agir em consequência, o que exige destes uma preparação permanente para sua efetiva materialização.

Compatriotas:

 

A presidência do Grupo dos 77 mais a China, que Cuba assumiu desde o mês de janeiro, exigiu um grande esforço das nossas instituições e do país em geral. Reflete nosso compromisso em defesa das causas dos países do Sul Global e a disposição a mobilizar as energias no empenho de garantir a mais efetiva representação dos interesses das nações em desenvolvimento no concerto internacional.

Ficou demonstrada a autoridade e a liderança da diplomacia cubana, seu apego aos princípios, à promoção do diálogo e a cooperação e sua capacidade para construir consensos e defender a unidade dos países em desenvolvimento nos múltiplos eventos multilaterais ocorridos no ano.

Continuaremos denunciando com muita firmeza a chacina que hoje está cometendo Israel, a potência ocupante, contra o povo palestino (Aplausos).

Reitero hoje que Cuba jamais estará entre os indiferentes, defenderemos sempre o direito à autodeterminação desse heroico povo e a contar com um Estado independente e soberano, com as fronteiras anteriores a 1967 e com Jerusalém Oriental como a sua capital.

Para isso, deve cessar a impunidade que os Estados Unidos garantem a Israel! Deve parar o genocídio! Por Palestina livre, a voz de Cuba sempre vai se levantar (Aplausos).

A Cúpula de chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77 mais a China, celebrada aqui em Havana, no mês de setembro, reforçou a voz do Grupo como ator chave nas discussões internacionais. O evento confirmou a solidariedade, admiração e respeito para Cuba.

A Cúpula de Líderes do Grupo dos 77 mais a China, celebrada recentemente, no âmbito da Conferência das Partes COP28 sobre a Mudança Climática, em Dubai, veio confirmar essa liderança, com os seus excelentes resultados.

Este evento, inédito na trajetória do Grupo, contribuiu para potencializar o papel do bloco, tendo pela frente as negociações climáticas.

Representando o Grupo, Cuba assistiu ao máximo nível à Cúpula efetuada em Paris para examinar os problemas monetário-financeiros, à Cúpula do Brics e a diversos encontros efetuados no contexto do Segmento de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Esse ativismo construtivo na política exterior também se refletiu no envolvimento no processo de paz entre o Governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional, cuja Mesa de Diálogos celebrou neste ano, na capital cubana, um de seus ciclos.

Temos continuado fortalecendo os laços de amizade e cooperação com os povos e governos de diferentes latitudes.

Apesar do esforço dos Estados Unidos para impedi-lo, ao que se acrescentaram vários dos elementos anticubanos da Europa e dos próprios Estados Unidos, Cuba resultou reeleita, com amplo respaldo, para integrar o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

Ainda, também foi de grande satisfação a eleição de Cuba, com amplíssima votação, para o Conselho Executivo da Unesco.

A 4ª Conferência da Nação e a Emigração foi muito proveitosa. Ratificou o compromisso permanente de avançar rumo a um relacionamento cada vez mais estreito, natural e integral com os cubanos que moram em outros países.

Estimados compatriotas:

 

Antes de concluir, peço um forte aplauso de felicitação e reconhecimento para os educadores cubanos em seu dia (Aplausos prolongados). Para aqueles que estão aqui, que são muitos, e para todos os que exerceram ou exercem a bela profissão de ensinar, cientes de que têm em suas mãos a obra mais transcendental e importante da sociedade: a formação das gerações do futuro (Aplausos).

Em primeiro lugar, que esses parabéns pelo Dia do Educador cheguem aos alfabetizadores (Aplausos), e junto com eles, o aplauso de gratidão para aqueles que têm resistido, a pé firme, as dificuldades, carências e até as insensibilidades daqueles que esquecem que ser professor é ser criador. Muito obrigado a vocês que sustentam com seu desempenho e entrega uma das colunas fundamentais da obra da Revolução! (Aplausos).

Esta é a Revolução! Quando dizemos essa frase, na qual se resumem 65 anos de criação heroica, pensamos, em primeiro lugar, na Saúde e na Educação. Esses são dois braços da obra imensa, fundamental, básica, sobre a que erguemos, contra o vento e as marés, o ideal de uma nação que tem no centro de suas preocupações e desvelos ao ser humano. E terá sempre, porque sempre existirá a Revolução, que para isso foi feita! (Aplausos).

Porque a nação admira e reconhece o papel e o lugar dos trabalhadores da Saúde e os da Educação para seu presente e seu futuro, eles serão os primeiros beneficiados com pagamentos adicionais, algo do que falou em sua intervenção o primeiro-ministro (Aplausos).

No limiar de uma comemoração transcendental: a celebração do 65º aniversário do triunfo da Revolução, Cuba se despedirá do ano com a alegria que nem os piores vendavais da natureza ou o império conseguiu nos tirar.

Vamos celebrar nossa vontade de mudar o que deve ser mudado para manter e superar as conquistas sociais que a Revolução converteu em direitos do povo! (Aplausos).

Vamos celebrar nossa independência, nossa soberania e nossa liberdade! (Aplausos.)

Esta é a Revolução de Fidel, de Raúl, de Ramiro Valdés, de Guillermo García, de Machado Ventura, da heroica Geração do Centenário do nascimento do Apóstolo, cujas ideias continuam nos inspirando, e é a Revolução de todos os que estamos nesta sala para fazer valer a vontade do povo heroico, digno e rebelde que nos honra representar! (Aplausos prolongados.)

Há alguns dias, relendo um discurso do Comandante-em-chefe com os estudantes universitários, a propósito da proximidade do aniversário da Federação dos Estudantes Universitários (FEU), achei umas palavras que poderiam explicar o mistério desta Revolução que sobreviveu 65 anos a cercos e ameaças de todo o tipo, sem perder os sonhos e as esperanças em um mundo melhor possível.

Fidel disse, no dia 20 de dezembro de 1982: «Os revolucionários sempre foram acusados de querer coisas impossíveis, de querer coisas utópicas. José Martí foi acusado em uma ocasião de ser sonhador, e Martí respondeu que os sonhos de hoje serão as leis do futuro».

«Em geral, falou-se de que essas tarefas eram irrealizáveis, eram impossíveis; mas na minha vida de revolucionário posso dizer que o que se atinge, muitas vezes, está acima dos sonhos».

Então, juntos tornemos possível o sonho de derrotar a política de perseguição e cerco a Cuba, e o ideal de prosperidade para o povo, que fez avançar os revolucionários cubanos de todas as épocas. Tornemos possíveis os sonhos e até os impossíveis! (Aplausos.)

Obrigado, general-de-exército, por estar e por animar-nos sempre a conquistar a próxima meta. O senhor, que faz 65 anos entrou no quartel Moncada e rendeu seus militares sem um só disparo, com a moral invicta do novo Exército Rebelde, nos tem ensinado muitas vezes que se pode avançar se o fazemos unidos! ¡E assim faremos! (Aplausos prolongados.)

Esta é a Revolução, a ideia impossível de derrotar de que todos os sonhos são realizáveis!

Esta é a Revolução, a de seu digno povo cubano!

Então se impõe a vontade de trabalhar, o afã de avançar, a disposição de aperfeiçoar e a convicção profunda de que vamos vencer!

 

Pátria ou Morte!

 

Venceremos! (Exclamações de: «Venceremos!», e de: «Viva a Revolução Cubana!»)

 

(Ovação.)

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