Estados Unidos agridem a Cuba pelo seus valores
Vemos diariamente como grandes meios de comunicação tentam por todas as formas diminuir a importância da atuação dos médicos cubanos ao redor do mundo, porém, ainda com ataques baixos e falaciosos, não conseguem dinamitar o agradecimento dos povos pelos serviços prestados, nem a evidência científica que prova que milhares tiveram suas vidas salvas por estes médicos. Como nos casos do Brasil, Equador e Bolívia onde nas três situações, governos, subservientes aos desígnios dos Estados Unidos (EUA) e da sua visão, cancelaram os acordos de cooperação de saúde com Cuba, mesmo tendo nestes três países melhorias incontestáveis no acesso e na qualidade dos serviços de saúde pública prestados.
Os Estados Unidos financiam todo o processo de ataque contra as cooperações de saúde de Cuba ao redor do mundo, criando todo tipo de mentiras possíveis, dentro do marco do seu objetivo de troca de governo de Cuba, neste mesmo conjunto se encontram ações como o bloqueio (que é considerado pela maioria de países do mundo uma atitude extraterritorial e genocida), propagandas, espionagem, ciberterrorismo, e até o programa Parole com um recurso de 50 milhões de dólares por ano e que tem como objetivo levar para os EUA os mesmos médicos que dizem nas propagandas serem mal formados. Parte desta guerra ideológica se dá também pelos valores do modelo de saúde pública Cubana que explicarei a seguir.
Pouco tempo depois do triunfo da Revolução Cubana, a ilha corria o risco de quase ficar sem formação médica, já que a maioria dos médicos cubanos, que eram de famílias abastadas, emigrou para os Estados Unidos, deixando Cuba quase sem professores de medicina. No entanto, tudo mudou quando a maioria dos professores restantes em uma carta direcionada ao governo revolucionário, faziam um compromisso de vida e solidariedade com a totalidade do povo cubano, dando um importante passo na construção de uma saúde pública, universal e de qualidade, que iria se contrapor totalmente ao modelo anterior, onde somente os privilegiados teriam direito a uma saúde digna. Junto a estes esteve meu professor Dr. Hernán Pérez Oramas, que faleceu no ano passado, porém deixou seu exemplo como guia e ao qual dedico estas linhas.
Nas últimas décadas o mundo vem observando o avançar do processo de enraizamento do capitalismo na vida humana, e a dinâmica comercial toma a dianteira dos processos de saúde. Definindo a saúde e o bem-estar como simples mercadorias, destinadas através da escassez e da lei de oferta e demanda a dar altos lucros a uns poucos e gerar obrigatoriamente desassistências e sofrimentos em muitos, prova disso são os milhões de mortos todos os anos por doenças curáveis em contraste com os lucros recordes desta indústria ano trás ano. Este modelo tem gerado distorções que somente privilegiam o lucro, como o abuso de medicamentos, que a cada ano cobra mais vidas por reações adversas, excesso de procedimentos diagnósticos, algumas vezes inúteis e até uma desproporção no financiamento de pesquisas, como se observa que os valores destinados ao desenvolvimento de próteses de seios estéticas superam em cinco vezes o valor destinado às pesquisas do Alzheimer, entre outras tantas distorções.
A Revolução Cubana aumenta o acesso à saúde de toda a população, até naqueles locais mais distantes das cidades, posteriormente criando o modelo de médico e enfermeira de família levando a saúde a cada bairro do país, que seria inspiração para vários sistemas de saúde pública no mundo, inclusive no Brasil. Conjuntamente com a expansão das escolas e universidades por todo o país, Cuba também se transforma em uma potência formadora de profissionais de ciência e consciência. Aqui começam as diferenças entre modelos, o modelo cubano entende o acesso à saúde e a educação como direito inalienável e primordial do ser, porém com a responsabilidade da utilização do conhecimento e do trabalho para o desenvolvimento e cuidado de toda a sociedade, e ainda contribuindo muito com outras nações necessitadas do mundo. Explico melhor, enquanto a medicina historicamente virou artigo de luxo para filhos das famílias ricas, que com esta profissão asseguram se formar para o “mercado de trabalho”, recebendo em troca dinheiro e status, Cuba forma os filhos da classe trabalhadora com um compromisso humano para com a sociedade, sem amarras que as propagandas e os mercados criam, ou seja, médicos que se preocupem com o próximo mais do que com o dinheiro, é o que se chama de médicos de ciência e consciência. Obviamente que a ambos os lados existem detratores do pensamento hegemônico, como no Brasil e em outros tantos países existem profissionais que lutam por uma saúde com menos mercado e mais humanismo, também existem profissionais cubanos que seguem os cantos de sereia do mercado, porém a maioria segue os valores impostos por cada modelo hegemônico, privilégio versus direito e individualismo versos solidariedade.
Estes valores que fizeram que Cuba um país pequeno, sem recursos minerais, petróleo, bloqueado pela maior potência do mundo, os Estados Unidos, tivesse um dos melhores sistemas de saúde e educação do mundo, e o que é mais transcendente, que este pequeno país vem contribuindo a décadas com os povos excluídos do mundo. Cuba Já alfabetizou mais de 3 milhões de pessoas fora de suas fronteiras, operou através da missão milagre mais de 6 milhões de pessoas que tiveram sua visão de volta gratuitamente, já formou mais de 30 mil médicos de países de terceiro mundo com o único objetivo que cuidem dos que mais sofrem em seus países, e ainda envia, faz mais de 60 anos, médicos as zonas atingidas por desastres naturais, epidemias e conflitos. Enquanto vários países, ditos de primeiro mundo enviam armas que aquecem inúmeros conflitos, sob o silêncio internacional, Cuba envia médicos e educadores sob a crítica dos meios hegemônicos dominados pelos Estados Unidos. Se a atuação internacional de Cuba, esta minúscula ilha, não for um referente de solidariedade internacional, e de exemplo a ser seguido para a construção de um mundo melhor, saberei somente que os piores valores ainda dominam as relações diplomáticas mundiais.
Os povos do mundo jamais esquecerão a solidariedade prestada pelo povo cubano a aqueles que mais precisam, e os ataques do imperialismo dos Estados Unidos somente servem para mostrar a todos em que lado devemos estar. Viveremos para ver relações internacionais justas e que favoreçam aos povos, contrario a opressão a ponta de fuzis, bombas e sanções que estabelecem os EUA a todos os países que decidem não seguir seu julgo imperial. Cuba seguirá sendo exemplo de rebeldia e resistência contra o mercado e o império e pela vida e o direito a saúde.
“Os Estados Unidos Parecem destinados pela providência para pragar a América de miséria em nome da liberdade.” Simón Bolívar
Leandro Nascimento Bertoldi
Médico formado em Cuba