Partidos políticos, associações, representantes do Executivo, deputados, representantes religiosos manifestaram apoio e solidariedade a Cuba em “ato em defesa dos direitos do povo cubano e em comemoração aos 500 anos de Havana”, na manhã desta quinta-feira (31), no Auditório Jorge Calmon.
A cônsul de Cuba no Nordeste, Milena Zaldiva Caridad, relatou a necessidade de revisão do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos Estados Unidos à ilha. De acordo com o deputado Marcelino Galo Lula (PT), as Nações Unidas se reúnem nos próximos dias 9 e 10 para avaliar o bloqueio e sua possível suspensão. Para o líder da bancada do PT na ALBA, o objetivo do ato na Casa Legislativa é demonstrar a solidariedade dos baianos aos cubanos e o apoio contra o impedimento.
Em maio deste ano, o governo dos Estados Unidos, através do presidente Donald Trump, ativou o capítulo III da Lei Helms-Burton, suspenso desde 1996, para reforçar as sanções econômicas contra Cuba. “A estratégia estadunidense está focada na consolidação da confrontação e da hostilidade, tanto no plano declarativo quanto na execução de medidas de agressão econômica contra o país”, acrescentou Milena Caridad. Este movimento dos Estados Unidos intensificou ações contra o ensino, saúde e pesquisa, além de esportes na ilha.
O presidente da ALBA, Nelson Leal (PP), considera que, apesar do bloqueio sofrido por Cuba, a ascensão da saúde dos cubanos “serve como exemplo a ser seguido por todos os outros países”. Segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas e Informação (Onei, na sigla em espanhol), o nível imunológico de Cuba no final de 2018 era de 98%, com 14 doenças infecciosas erradicadas, nove que não são problemas de saúde e 29 doenças transmissíveis controladas.
“Nós tivemos a oportunidade de desfrutar disso quando trouxemos os médicos cubanos para tratar das pessoas mais carentes do Brasil”, disse saudoso o presidente da Casa, sobre o programa Mais Médicos, já extinto. Milena Caridad compartilhou que a comunidade internacional também rejeita o bloqueio dos EUA. A cônsul apresentou dados afirmando que, no último ano, as perdas pelo bloqueio atingem US$ 4,334 milhões. Os prejuízos acumulados durante quase seis décadas de aplicação desta política atingem a cifra de US$ 843, 4 milhões.
“Para ter uma percepção dos custos deste genocídio, três semanas de bloqueio são equivalentes aos materiais necessários para concluir a Rodovia Nacional de Cuba, três dias de bloqueio são iguais ao custo dos lápis, cadernos e outros materiais didáticos de um ano letivo em Cuba, um dia de bloqueio é equivalente ao custo de 139 ônibus para o transporte urbano, 12 horas de bloqueio equivale a toda a insulina anual necessária para os 60 mil pacientes diabéticos em Cuba, duas horas de bloqueio são equivalentes a todas as máquinas Braille que precisam os cegos de Cuba”, contabilizou a cônsul.
América Latina
As manifestações em países da América Latina também estiveram na pauta do ato em apoio a Cuba. Marcelino Galo disse que o Brasil vive uma das situações mais difíceis da sua história e que é necessário os países latino-americanos se integrarem mais. “Precisamos trabalhar de forma mais cooperada, solidária, no sentido de compreender o que se passa”.
“Como não relacionar cada ato de rebeldia popular da América com a bravura do povo cubano?”, questionou o deputado Hilton Coelho, que no ato representou o seu partido político Psol. O psolista disse que o ato é de solidariedade e também uma pequena demonstração da importância histórica de Cuba na estimulação da rebeldia dos povos da América Latina. “Cuba é o grande exemplo da ousadia política”.
Para Davidson Magalhães (PCdoB), Cuba mantém acesa a bandeira revolucionária no mundo. E, para Rodrigo Pereira (PCO), a ilha é a prova que não existe acordo com o capitalismo. “A esquerda precisa impulsionar o ato revolucionário”.
Entre apresentações do cantor e compositor baiano Carlos Pita e o cubano Alexey Martinez, os representantes dos partidos e das associações relataram suas experiências de alegria e solidariedade na capital cubana, Havana. A cônsul agradeceu a realização do ato com a empolgação e convicção de renovar laços históricos e solidários. “Para nós, aqui na Bahia, a data é mais significativa porque Havana e Salvador são cidades-irmãs, desde 1993. Nossos povos tem sido testemunha de vários programas de cooperação bilaterais, no setor da saúde, educação, cultura e comércio”.
O ato foi organizado pelos partidos PT, PCdoB, Psol, PSB, PCO e Avante, além do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela PAZ (Cebrapaz), do Conselho Mundial da Paz e da Associação Cultural José Martí (AJCM) na Bahia.
Participaram do ato: os deputados Rosemberg Lula Pinto (PT), Fabrício Falcão (PCdoB), Neusa Lula Cadore (PT), Maria del Carmen Lula (PT), Robinson Almeida Lula (PT); os representantes dos partidos: Martiniano Costa (PT), Davidson Magalhães (PCdoB), Pedro Ribeiro (Avante), Rodrigo Pereira (PCO), Claudemir Nonato (PSB); Antônio Barreto, da Cebrapaz e Yulo Oiticica, representando o Governo do Estado.